Tentei pintar quadros mas cedo descobri que não tinha jeito para a arte. Por isso, decidi pintar a casa, o que também dá trabalho mas não exige assim tanta criatividade quanto isso. Os tectos e paredes dos dois quartos dos meus filhos já cá cantam, bem como o escritório. Passo à próxima fase, a sala e o corredor. É uma empreitada que faz apelo à minha paciência. Quando começo a sentir que estou no limite e prestes a desistir, ligo a televisão. A crise e o orçamento que nunca mais é aprovado devolvem-me rapidamente ao convívio com os pincéis. Sofro tanto com este país que estou até disposto a pintar a casa do meu vizinho, só para não ter que ouvir o nosso primeiro-ministro e a oposição. Se ao menos a Selecção nos fizesse novamente sorrir e desse cabo do canastro aos islandeses... Talvez ganhasse coragem para pintar na fachada da casa o seguinte slogan: «Com Paulo Bento a presidente, não há crise que aguente!»
PS: Porventura, para nos fazer a todos nós, portugueses a viver em Portugal, uma massagem ao ego, a RTP tem falado abundantemente sobre a crise imobiliária islandesa e a desgraça que aquele povo atravessa. Sucede que tenho lá amigos portugueses e não descortinei neles a mais ténue vontade de regressar a correr a Portugal. Cheira-me até que com aquela crise podíamos nós bem.
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