quinta-feira, 8 de julho de 2010

O oitavo passageiro


Foto: AFP

Fim das férias. Foi bom enquanto durou. Para além de descansar e reforçar laços com os filhotes, deu para deitar um olhar descomprometido ao Mundial, para mim um dos mais espectaculares e emotivos dos tempos mais recentes. Imaginava uma final entre o Brasil e a Espanha. Aliás, imaginava sempre o Brasil na final, porque me parecia ser o conjunto com mais argumentos individuais - mas falhou colectivamente frente a uma laranja bem mecanizada. Rebobinando a filme do certame, concluiu-se que na final estão duas selecções que dá gosto ver jogar. Ambas muito competitivas, com grandes craques, abordagens tácticas distintas, estilos também eles diferentes, mas a mesma ambição e vontade de vencer - eis o que divide e une Holanda e Espanha. Teremos um oitavo campeão do Mundo. Mas, ganhe quem ganhar, o futebol positivo já venceu este Mundial.

3 comentários:

Pedro Ribeiro disse...

Antes de mais nada, seja bem regressado! Não há fartura (férias) que sempre dure...

Pois falhou onde eu também falhei. Nunca pensei ver a Holanda na final - nem penso que em condições normais teriam equipa para eliminar os brasileiros. Mas o futebol é o momento (mais ainda quando se trata de jogos a eliminar) e um golo algo fortuito mudou uma partida que até então parecia ter o destino definido.

De resto, penso que a final já se jogou - entre a Espanha e a Alemanha, as duas melhores equipas do torneio. Os holandeses que me desculpem mas a meu ver (mau-grado a eliminação do Brasil) só estão na final graças a terem tido um sorteio favorável nos cruzamentos dos jogos a eliminar. Penso que a final será mera formalidade para a Espanha, com licença de Robben e sobretudo de Sneijder... ainda que num só jogo, tudo possa acontecer.

No entanto, não partilho do seu entusiasmo pelo futebol holandês, nem mesmo pelo futebol espanhol. Aliás, quase todos os jogos da Espanha são jogos para adormecer. É uma equipa tacticamente fabulosa, que praticamente não comete erros e que vence os seus adversários pelo cansaço. A troca de bola tem uma prioridade e não é visar a baliza adversária mas não perder a sua posse. É uma equipa sem explosões... enfim, não me entusiasma. Beneficia muito do facto de o seu núcleo se alicerçar num só clube (o Barça), o que nos dias de hoje é muito difícil replicar. Acresce ainda que, sem que isso possa justificar a supremacia que foi revelando nos seus jogos, em boa parte deles houve decisões importantes de arbitragem que a favoreceram - até connosco!

O futebol holandês tem as tais explosões... mas não me parece que a equipa tenha grande equilíbrio - apesar da opção pelos dois médios defensivos, tão contra-natura para a história do futebol holandês. A primeira parte frente ao Brasil foi disso exemplo... e creio que virá ao de cima frente à Espanha.

Pedro Ribeiro disse...

A equipa que mais apreciei durante a competição foi mesmo a Alemanha - o que é estranho porque habitualmente em aprecio o futebol alemão. Mas esta equipa alemã, para além de um futebol sempre positivo, conseguiu aliar colectivismo a um talento pouco habitual. Schweinsteiger, Ozil e Mueller deram sal a esta equipa alemã. Contudo, foram claramente derrotados pela Espanha (ainda que uma vez mais com um erro gravíssimo de arbitragem que poderia ter custado um penalty/livre directo e uma expulsão a Sérgio Ramos ainda com o jogo a zeros). A ausência de Mueller fez-se notar com clareza - o banco alemão mostrou-se algo pobre ao longo da competição - e os alemães foram derrotados como todos os outros: pelo cansaço.

Enfim, penso que vamos poder dizer que fomos eliminados pelos campeões do mundo, os únicos que nos marcaram um golito durante o torneio... :-)

Pascoal Sousa disse...

Acho que a grande pecha da Holanda situa-se no eixo da defesa, daí a opção pelos dois médios de cobertura. No essencial, concordo que a Alemanha fez um torneio excepcionalmente bom e também justificaria ir à final. No entanto, os índices de motivação dos holandeses, a que se junta a classe de muitos dos seus jogadores, formam um conjunto harmonioso, do meu ponto de vista. A Espanha é favorita, mas para mim será a Holanda a campeã. Abraço