Estão enganados os que pensam que só o dinheiro moveu Fábio
Martins na aventura de nove meses que abraça no Al-Shabab, clube orientado por
Pedro Caixinha. Sim, um dos grandes talentos do futebol português vai ganhar em
nove meses o que ganharia em 10 anos com o contrato que atualmente tem. Os
ressabiados que também gostavam de ganhar 10 vezes mais sentados no sofá, sem
fazer sacrifícios como deixar a família para trás, cumprir um regime rígido de
treinos ou ter atenção à dieta, agitaram logo a bandeira do futebol romântico.
Meu Deus, onde anda o amor pela camisola? Poupem-me e poupem-se. A honestidade
de Fábio Martins vem acompanhada de um entusiasmo genuíno pelo projeto de
Caixinha e pela certeza de que irá partilhar o balneário com grandes craques
mundiais, como Banega, já contratado ao Sevilha.
A juntar a isso, a parte menos romântica; nenhum dos
chamados três grandes teve força económica ou coragem para investir num talento
português e pagar o que o SC Braga pedia. Fábio explicou isso sem rodeios,
porque ele é assim, franco e honesto. Em tempo de pandemia, com o mercado ao
avesso, o Al-Shabab (e no futuro será assim) chegou-se à frente: pagar um
milhão de euros por um empréstimo é obra. Ainda por cima o SC Braga renovou
com o jogador até 2023. Talvez o aproveite para o ano. Vejo no plantel dos minhotos
um grande extremo, Ricardo Horta, mas nenhum tão bom, explosivo e cerebral
como o Fábio. Estão no direito de discordar - e liberdade para ler a
entrevista na íntegra. Abraços.