segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

FPP/Boavista: o tempo não brinca às escondidas





O Boavista foi indemnizado pela Federação pelo prejuízo causado pela descida administrativa da equipa na época 2007/2008. Em suma, houve asneira da grossa da justiça desportiva - se assim a podemos chamar - e, com toda a naturalidade, os axadrezados, de queixa em queixa e recurso em recurso, ganharam a causa. Qual o valor da indemnização? Não dizem. Há um «acordo de confidencialidade». De 2007 a 2016 muita coisa mudou no nosso futebol mas há muros que nunca serão derrubados, sinais de uma «portugalidade» muito singular, que às vezes - e até legitimamente - pode ser ser interpretada como uma certa aversão à verdade. Eu chamo-lhe simplesmente uma forma pacóvia de olhar para a vida. 

De uma forma ou de outra, um ou vários valores sairão à praça pública. Uns euros a mais ou a menos, dependendo se a fonte está inquinada ou se tem o mínimo de conhecimento de causa sobre o assunto. No limite, os relatórios e contas das duas instituições revelarão a dimensão do montante a pagar - grave é se isso não acontecer. Estamos, portanto, no chamado domínio do absurdo: esconde-se algo que, com o tempo, se conhecerá em toda a sua amplitude. Num futebol português em que várias vozes (incluindo as da FPF) se levantam clamando por transparência, eis que um segredinho de Estado é arrumado num acordo de confidencialidade que nem ao diabo lembrava. É que até o diabo sabe que o tempo cura tudo. A mentira, a verdade, o tempo não brinca às escondidas. 



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