sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Seleção: a vitória do bom senso




O apuramento de Portugal para o Euro-2016, em França, foi a vitória do bom senso, em oposição a um projeto que progressivamente se tornou suicida e se canibalizou. Paulo Bento teve o seu ciclo pós-Queirós. Tinha o perfil que se impunha, na época, e os primeiros resultados foram animadores: Portugal apurou-se para o Euro-2012 e chegou às meias-finais, perdendo com a Espanha. No Mundial surgiram os primeiros sinais claros de desconforto e a Seleção não passou da fase de grupos. A crise agudizou-se no arranque do apuramento para o Euro-2016.

Bento mudou de empresário - saltou de Jorge Mendes para Carlos Gonçalves - e talvez tenha aprendido uma coisa importante: um líder até pode ter tiques ditatoriais, mas não sobreviverá muito tempo nesse registo. Ricardo Carvalho, Bosingwa, Danny, e outros que nem chegaram a ser notícia, foram eliminados, ou sendo eliminados, das convocatórias devido a episódios nos estágios que foram quase sempre mal explicados. Ainda dou de barato a questão do Tiago, que renunciou à Seleção, num passo intempestivo e precipitado como o próprio reconheceu mais tarde. Ainda assim, Bento nunca admitiu recuperar esse importante ativo. Depois entrou em rota de colisão com... CR7. Mas subtrair CR7 era impensável, certo? E foi aqui que Bento caiu do pedestal. 

Fernando Santos teve bom senso. Numa fase de qualificação em conta o tempo presente, mas em que se deve também lançar as bases para o Europeu, apoiou-se na experiência de jogadores de classe mundial e explorou o talento de uma dúzia de talentos emergentes. Uma mistura harmoniosa de maturidade e irreverência, sendo que todos são, independentemente da idade, ambiciosos. 

Era fundamental ir ao Europeu. E já lá estamos! Seis vitorias seguidas na qualificação trazem luz sobre o perfil de Portugal: uma seleção mais objetiva que espetacular, com defesas e médios e extremos de enorme qualidade técnica e o melhor do Mundo no ataque, Cristiano Ronaldo. Falta um ponta-de-lança? Falta sempre, não é? CR7 é a referência, acredito que em 2016 André Silva ainda vá a tempo de encaixar nos selecionados. E digo isso porque acredito piamente que em janeiro André Silva estará a jogar na I Liga. Não no FC Porto, mas na I Liga. 

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