quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Fantasmagórico



«Portugal nos torea», título forte do jornal A Marca para resumir a noite mágica da Selecção Nacional na Luz. Dar «4 secos» à selecção campeã da Europa e do Mundo faz um bem tremendo à auto-estima dos nossos jogadores e, já agora, à nossa. É um intervalo saboroso na crise, um chamamento para a festa, uma libertação inesperada. Os espanhóis falam de correctivo; eu acho que não. Acima de tudo, Portugal exorcizou o fantasma do Mundial.

Foi frente à Espanha que a equipa bateu no fundo na África do Sul. Não jogámos patavina e fomos justamente eliminados.
Nesse jogo, ficou claro como água que deixou de haver cumplicidade entre os futebolistas e Carlos Queirós. Não podia haver. Jogadores habituados a batalhar pela vitória foram arrastados para uma estratégia miserabilista na ambição, descabida na forma e vazia no conteúdo. Não é pelos 4-0, e pelos resultados dois jogos anteriores, que agora Paulo Bento é o maior. No entanto, gostei muito do discurso dele no fim do jogo, reconhecendo que não teve tempo de fazer muito mais. Fez, contudo, o essencial, o que se exigia de uma pessoa inteligente: restituiu a alegria à Selecção. E com os 4-0 à Espanha chamou os adeptos portugueses à sua causa.

2 comentários:

José Lemos disse...

Arrepiei-me ontem ao longo dos 90 minutos. Principalmente na primeira parte, onde a Espanha foi um opositor mais forte, e foi uma delícia ver aqueles jogo! Um Estádio da Luz cheio, e seria uma sensação única e inesquecível.

Arrepiei-me de ver o magnífico golo do Ronaldo (com o Piqué e o Puyol completamente batidos) e a sua extraordinária finta (comendo os olhos a Busquets) antes do golo. Como me arrepiei com a sua resposta à entrada dura do bad boy catalão actor de teatro (alguém se lembra da expulsão do Thiago Motta nas semi-finais da Champions?)

Arrepio-me a ler os comentários, sabendo que os portugueses voltam a acreditar no potencial desta equipa, e começam a deixar de torcer o nariz ao Paulo Bento. Para mim, que sempre acreditei nesta conjunção, e na força que esta selecção pode vir a ter, é um conforto imenso.

Arrepio-me de saber que fizemos uma exibição fantástica de força, querer, técnica, qualidade táctica, combinações incríveis, e que nem sequer tivemos o Quaresma, o Fábio Coentrão, o Varela, o Tiago, o Pedro Mendes, o Ruben Amorim e o Miguel Veloso. E que nunca jogamos com a dupla de centrais titular, que o grande Bosingwa está ainda sem ritmo e jogou à esquerda.

José Lemos disse...

Arrepia-me ver, e vou particularizar neste caso, o Postiga a jogar à bola como deve ser. Porque são avançados como o Postiga (e o Nuno Gomes) a melhor lança que podemos ter apontada à baliza adversária! Porque neste caso, não é uma lança, são 10, tal a harmonia com que se integram nos movimentos da restante equipa.

Arrepio-me de saber que somos, a uma (obviamente considerável) distância de dois anos, a par da Espanha e da Alemanha, os grandes candidatos a vencer o Euro 2012!
Sendo óbvio que não devemos embandeirar em arco porque não estamos qualificados, ainda!

abraço