sábado, 3 de abril de 2010

Vai um penálti?



Acordei esta manhã com uma fortíssima dor de cabeça. O meu médico de família bem que me alertou: um penálti por jogo, tudo bem. Dois penálties, vá lá que não. Mais do que isso é correr riscos de provocar no cérebro um conflito interno com consequências dolorosas. Grande médico de família, pá. De facto, o derby minhoto deixou-me de rastos. Ainda guardo na memória a calma olímpica de Artur Soares Dias a assinalar penálties em cascata e a puxar do vermelho como se não houvesse amanhã. E a magia dos dois centrais do Braga? Fizeram desaparecer um penálti e dois cartões sem tirar nada da cartola - bastou chamar à razão um juiz que por dentro devia estar pior que um vulcão em ebulição. Apesar da impressionante calma olímpica que exibiu.

Esta foi, para mim, a parte mais triste do derby: ser Artur Soares Dias o mau da fita. Acho que é um bom árbitro, um árbitro com futuro e não mudei de opinião por causa do trabalho desastrado que assinou no Axa. Há Dias assim. No resto, fica o registo histórico, para o Braga, de ter conseguido no dia 2 de Abril assegurar matematicamente o terceiro lugar. É inédito. Claro que não vai ficar por aqui. Se ganhar em Leiria, a Champions estará protegida do ataque voraz do dragão.

PS: A violência que se assistiu nas bancadas, com arremesso de centenas de cadeiras, é um acto que só posso apelidar de animalesco - com todo o respeito pela vida animal. Hoje, no treino matinal do Sp. Braga, o parque situado atrás de uma das bancadas estava repleto de vidros partidos no chão. Parece que antes do início do jogo, a Polícia fechou diplomaticamente os olhos ao ataque brutal de adeptos vitorianos aos carros que por lá estavam estacionados. Da mesma forma, é lamentável e inadmissível que na viagem de regresso à cidade berço, autocarros transportando adeptos do Vitória tenham sido atingidos por pedras, provocando o rebentanento de vidros e colocando vidas em jogo. Mais do que animalesco, este comportamento é criminoso. Mais uma vez: onde estava a Polícia?

5 comentários:

Vimaranes disse...

Nenhuma análise aos vidros partidos aos autocarros vitorianos, por alguma razão? Não fazem parte dos comportamentos animalescos?

Pascoal Sousa disse...

Não, amigo. Li há pouco que isso efectivamente aconteceu. E já está incluído no post. Obrigado e um abraço.

Vimaranes disse...

Pareceu-me estranho de facto não estar incluído no texto. Nestas coisas, infelizmente, ambos têm telhados de vidro.

Pedro Ribeiro disse...

O Soares Dias perdeu a mão quando marcou a primeira grande-penalidade e depois voltou atrás. A decisão final até esteve correcta mas... via-se logo que dali vinha borrasca. Em minha opinião, ele "borra" efectivamente a pintura no lance da última grande-penalidade. Há um puxão de facto da camisola de Renteria (só visível de um dos ângulos da transmissão TV) mas não me parece que seja esse gesto do Flávio Meireles que ocasiona a queda do colombiano - que pura e simplesmente escorrega. Nos outros lances capitais considero que esteve correcto... mas isso não chega para dizer que não teve influência no resultado. É natural que os nossos vizinhos estejam frustrados porque se já não é de fácil digestão perder sofrendo três golos de grande-penalidade, pior ainda quando a última é injusta e surge no último lance do encontro. E o empate, diga-se, espelhava melhor o que foi o encontro. O Braga raramente se superiorizou ao adversário que, em meu entender, face ao nosso nervosismo, talvez pudesse ter sido mais ambicioso no segundo tempo. Mesmo jogando mal, sem meio-campo, foi apesar de tudo o Braga (e o seu treinador) quem mais quis ganhar no segundo período do jogo.

Quanto aos animais, tem toda a razão. A minha chegada ao estádio coincidiu com a chegada dos autocarros dos adeptos do Vitória - um espectáculo por si só degradante. Até poderia haver quem estivesse lá dentro com vontade de ver futebol mas esses estavam certamente escondidos. E da nossa parte... igual. Estive na Luz e a chegada ao estádio das nossas claques foi um espectáculo do mesmo calibre. E isto foi apenas o que vi (para além do que toda a gente viu nas bancadas). Certamente haveria mais para dizer...

Chega de complacência! Os clubes não podem manter a atitude laxista e, mais do que isso, conivente com as claques. Nem toda a gente é marginal dentro das claques mas estas são quase invariavelmente ilhas de ilegalidade. E se nada for feito pelas esferas do desporto, tem o próprio Estado a obrigação de intervir sem dó nem piedade. Não pode esta gente continuar a afastar dos estádios aqueles que gostam verdadeiramente de futebol. É que corremos o risco de um dia destes só termos animais nas bancadas...

Nestes dois fins-de-semana já dei por mim a pensar se será boa ideia ir a este ou aquele estádio, por questões de segurança. E se já eu, que sou maluco pela bola, penso assim, imagine-se uma pessoa que apenas encara o futebol como uma forma entre outras de ocupar o seu tempo de lazer. Acho aliás que nas bancadas já não deve haver destes...

Quanto ao Braga, encaro este jogo como se fosse uma vida extra num qualquer jogo de PC. Penso que dificilmente acontecerá voltarmos a ganhar jogando tão pouco. Agora que parecia mais ou menos resolvido o problema Vandinho com o regresso a um nível muito aceitável de Madrid, eis que surge a ausência de Mossoró a complicar as contas. Em minha opinião, Domingos equivocou-se ao lançar Bastos na posição 10, relegando Aguiar para o lugar habitualmente de Viana. Percebo que o uruguaio seja um jogador muito diferente de Mossoró mas apesar de tudo parecia-me preferível que fosse ele a assumir o lugar do brasileiro. Não critico a ausência de Viana: está completamente fora de forma e, neste momento, não tem a intensidade de jogo necessária para um jogo com as características de um derby. Pergunto-me se, perante as ausências, não seria preferível a solução apresentada no final da partida (até ao 2-1) com dois pontas-de-lança...

Para vencer em Leiria, o Braga terá de fazer bem mais...

Pascoal Sousa disse...

O que aconteceu, caro Vimaranes, é que aquilo que relatei numa primeira instância foi o que vi no estádio e no dia seguinte, no treino do Braga. Ninguém me contou. Ao final da tarde, e tb alertado pela sua observação, aliás correctíssima, li que realmente houve apedrejamento dos autocarros dos adeptos do Vitória, informação que me confirmada por fonte da Polícia. Por norma deveríamos dar importância aos adeptos do Braga e Vitória que souberam respeitar o futebol e respeitar o espectáculo, o problema é quando aquela pequena parte que não ama o desporto se sobrepõe a todo o resto, através de actos de violência gratuita e inqualificável. Abraço