quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O caso Vandinho, e não só


"Oh Big;Para quando os comentários ao caso Vandinho, Mossoro e já agora da Naval?" Dumemartinho.

Vamos a isso, amigo. O tempo é que não dá para tudo. A parte desportiva da questão: reconheço que aquela previsão feita no início do Campeonato quando apontei o Braga como candidato ao título ficou fortemente abalada com os castigos de Mossoró e de Vandinho, sobretudo deste. Não exagero se afirmar que o 88 do Braga é, a par de Javi Garcia, o melhor jogador a actuar na sua posição em Portugal. Quando se fala dos 6 golos sofridos pelos minhotos na Liga, há a tendência, quanto a mim errada, de valorizar apenas os centrais e o guarda-redes, desprezando o precioso trabalho de sapa de Vandinho, a sua qualidade de passe e a notável leitura do brasileiro nas transições. É um grande jogador. Olberdam também é bom, mas não está há seis anos em Braga. Chegou há 3 dias. O Braga corre o risco de ter sérios problemas em equilibrar-se em alguns jogos. Repito: corre o risco, não quer dizer que isso aconteça. O que eu acho que irá efectivamente acontecer é que Domingos vai encontrar a fórmula para diluir a ausência de Vandinho e de Mossoró, evitando que a equipa perca a identidade e resvale para a mediocridade. Apesar de o homem não ter os favores mediáticos e de marketing do senhor da táctica, acreditem em mim quando vos digo que percebe muito, mas mesmo muito, do fenómeno.



A questão disciplinar. Não tendo ainda lido todo o acórdão da CD, não vou a fundo na questão, mas sempre direi com grande segurança que os castigos não apanharam o Braga de surpresa. Mas era recomendável uma decisão mais rápida da justiça. A «palhaçada» invocada por Carlos Freitas reside mais nesse ponto do que na moldura penal. E não há como discordar dele. Quanto ao resto, vamos ser frios na análise, despir os fatos de adeptos e ler com atenção esta nota escrita em O Jogo: "Além da imagem que mostra o pé em riste, a defesa de Vandinho foi fragilizada pelo próprio, que se disse agredido por Raul José, mas, em sede de inquérito, segundo o acórdão da CD, não imputou a este qualquer agressão e não se recordava de o ter visto na confusão. Foi mais além, contudo, ao afirmar desconhecer a identidade do adjunto de Jorge Jesus - com quem trabalhou, na época passada, no Braga. Por tentativa de agressão a um técnico, Vandinho (a ausência de antecedentes foi atenuante), titularíssimo do líder, perde o campeonato até à penúltima jornada - ou última, se anteciparem o jogo com o Paços."

Em função do que O Jogo relata, sou levado a concluir que o gabinete jurídico do Braga não «viu» bem o filme. Na justiça, entrar em contradição é meio caminho andado para uma condenação. Por outro lado, Vandinho não pode afirmar em sede de inquérito que não conhece Raul José. Até eu conheço. Pergunto: não chegaria para a defesa do jogador simplesmente negar as acusações, sem polvilhar o argumento com tantas incongruências? Fica a pergunta. Neste caso em particular, para chegar ao castigo, a CD juntou o depoimento por escrito feito pelo Raul José, o depoimento (dúbio) do jogador e as imagens da SIC, que ao contrário das do circuito de video-vigilância, servem como meio de prova.

Quanto à Naval, a haver matéria de prova e a serem cumpridos os regulamentos, desce e ponto final. O problema vai ser a distribuição e subtracção dos pontos. Lá para Agosto, quando estivermos todos de papo para o ar na praia, haverá decisão...

1 comentário:

AM disse...

Excelente análise, não podia estar mais de acordo. É um facto que o timing escolhido não foi o mais acertado, mas a decisão acaba até por ser escassa, tendo em conta que foram aplicadas as sanções mínimas aos 3 jogadores.