domingo, 21 de fevereiro de 2010

Muito Porto, pouquíssimo Braga



Lendo friamente as incidências da goleada por 5-1 aplicada pelo FC Porto ao Sp. Braga, chego a duas conclusões: a) os dragões justificaram o resultado gordo por via de uma bela exibição colectiva, na qual sobressaíram Varela e Falcao (é um grande jogador!). Ruben Micael deu o toque de classe que faltava ao meio-campo portista e Raul Meireles marcou um golo retemperador depois de um penoso processo de recuperação a um problema físico; b) Aquele Sp. Braga que subiu ao relvado do Dragão não foi o mesmo das últimas 19 jornadas. As mudanças introduzidas por Domingos resultaram num somatório de erros incríveis, a começar pela defesa, onde Moisés não pode de forma alguma jogar no lado esquerdo do eixo, muito menos quando tem ao lado um jogador sem rotinas como Paulão. Por outro lado, a jogar em 4x4x2, a alma arsenalista esvaziou-se e tornou o colectivo amorfo, sem ideias, sem garra e sobretudo sem identidade.

Se ainda acho que o Sp. Braga pode ser campeão? Acho. Mas os 5-1 que resultam na perda de três pontos podem ter efeitos psicológicos imprevisíveis. O calendário bracarense não é mau de todo, mas cuidado: equipas como o Olhanenses e o V. Setúbal desesperam por pontos e o Rio Ave é equipa para complicar muito a vida ao Sp. Braga no Axa. Sofrer cinco golos num só jogo é penoso para uma equipa que no conjunto das 19 jornadas tinha consentido apenas oito. Mas não me parece um sinal de que o céu caiu em cima da equipa de Domingos. Aliás, nunca cairá: mesmo acabando em terceiro, a campanha minhota será sempre histórica. Ainda que saiba a pouco aos seus apaixonados adeptos.

9 comentários:

Pedro Ribeiro disse...

Está enganado. O Braga, ontem, despediu-se da época 2009/10. Vai terminar em terceiro lugar... porque acumulou muito avanço em relação a quem vem atrás!

Esta derrota vai deixar marcas psicológicas profundas que, a acrescer às dificuldades criadas pela ausência de Vandinho (como hoje se viu, sem alternativa credível), tornarão as coisas muito difíceis. Aliás, o ascendente moral era o que vinha guiando a equipa, ultimamente muito abaixo do que era a sua bitola antes dos castigos.

Mais, os jogadores não são parvos - e nós adeptos também não o deveríamos ser. Este jogo foi mal lançado pelo treinador (não quis? colocar pressão sobre o adversário afirmando-o fora da corrida pelo título em caso de não vitória) e mal abordado estrategicamente. Fomos batidos em lances sucessivos de contra-ataque num jogo em que o adversário tinha necessidade imperiosa de vencer e em que, para nós, o empate era um muito bom resultado! Já nem vou discutir as opções tácticas, propriamente ditas - se bem colocar Moisés sobre a esquerda para deixar Paulão sobre a direita, enfim... Mas Domingos quis jogar o jogo pelo jogo com este Porto!? Para quê? Deveríamos ter feito um jogo feio, com as linhas juntas e recuadas - estacionando o autocarro, não dando espaço às transições rápidas do Porto e saindo nós para o contra-ataque.

Volto a repetir. Os jogadores não são parvos e perceberam que não é normal que quem tem abordado todos os jogos até aqui de forma tão pragmática, fosse agora tão ingénuo e demonstrasse uma tal falta de preparação para os pontos fortes do adversário. Domingos não estudou o adversário? Não acredito. Mas que Jesualdo estudou, lá isso estudou...

Lamento que os clubes pequenos não se saibam fazer respeitar. É preciso profissionalismo. Sempre. Independentemente de legítimas ambições pessoais e profissionais. Se fosse eu a mandar, sei bem o que faria...

Pascoal Sousa disse...

Caro amigo Rui Pedro Ribeiro: Muito do que disse está correcto, mas da mesma forma que a leitura do Domingos em determinados jogos foi fundamental para garantir vitórias (Marítimo, Alvalade, Belém, e por aí fora), o contrário também já aconteceu: Elfsborg, Rio Ave na Taça, Trofense na Taça da Liga. Há jogos e jogos, nem sempre as coisas saem bem. Mas concordo que o Braga devia ter abordado o jogo de forma diferente. Estacionar o autocarro não era, do meu ponto de vista,uma opção atendendo ao estilo de jogo do Braga e às características dos seus jogadores. Utilizar a mesma estrutura táctica, tirando Olberdam e metendo Aguir ao lado de Hugo Viana, teria sido meio caminho andado para cortar pela raiz muitas das iniciativas do FCP. Depois, recuperar a dupla Moisés/Leone, a mais fiável para um jogo desta natureza. Vamos ver que efeitos terá esta goleada no balneário, continuo a achar, como escrevi, que o Braga tem tudo para ser primeiro, tem também tudo para ser segundo, e, claro, corre o risco de acabar em terceiro. Conhecendo a maioria dos jogadores, arrisco a dizer que não vão ficar abalados com o que aconteceu. Abraço

Cidchen disse...

Eu só sei que não estou NADA triste com aquilo que se passou ontem no Dragão. Sofrer uma goleada e podermos dizer que continuamos no mesmo lugar a 5 pontos do terceiro e a apenas 1 do primeiro, é algo extraordinário.

A equipa não esteve tão bem como o habitual mas em nenhum momento rebaixou os braços! Nem tão-pouco aquando dos falhanços do Benquerença. O Mossoró foi o jogador mais prejudicado desta noite. Sofreu duas faltas na grande área do FCP e o Olegário não assinalou grandes penalidades, como ainda lhe mostrou um amarelo injustamente. O nosso jogador leva com uma cabeçada do Álvaro Pereira (como na segunda parte fez o Paulo César) e é ele que acaba por receber o cartão amarelo que lhe tira do jogo da próxima jornada. O jogo podia muito bem ter levado outro rumo se o homem do apito tivesse agido correctamente.

Tivemos a infelicidade em alguns lances e jogadas e o Porto teve a sorte de ter marcado quase sempre que rematou à baliza, nada mais. Como o Prof. Jesualdo disse na flash-interview: ambas as equipas jogaram de igual para igual, com vontade de vencerem.

Para a frente é que é o caminho. Mais vale perder por cinco golos do que sofrer cinco derrotas. Faltam 10 jornadas, 30 pontos. Ainda muita coisa poderá acnotecer, e nós, continuamos dependetes de nós próprios. E isso é o que importa.

PS: E o Braga conseguiu meter os lampiões a torcerem pelos murcões, coisa inédita!

Pedro Ribeiro disse...

Disse eu:

Deveríamos ter feito um jogo feio, com as linhas juntas e recuadas - estacionando o autocarro, não dando espaço às transições rápidas do Porto e saindo nós para o contra-ataque.

Ao que o Bigsousa retorquiu:

Estacionar o autocarro não era, do meu ponto de vista,uma opção atendendo ao estilo de jogo do Braga e às características dos seus jogadores.

Reveja o jogo de Belém e diga-me como jogou o Braga. O empate para o Porto era uma derrota. Tal como o Belenenses, naquela partida, quis vencer (jogando contra dez), arriscando abalançar-se para o ataque, o Porto teria que o fazer e abrir brechas para o nosso contra-ataque.

De resto, não é a derrota nem são os seus números que me afectam. Quem já vê o Braga há muitos anos, já passou por várias semelhantes,
à chuva e ao sol e tudo deve ser relativizado. O que me chateia (tal como aconteceu com Jesus nos dois últimos jogos da época passada) é que Domingos tenha colocado os seus interesses pessoais à frente do seus deveres profissionais. Pelo menos, não conseguiu libertar-se do dilema interior que por certo sentia, sabendo que corria o "risco" de afastar o Porto do título. E ele sabe, como todos sabem, que no Porto se segue o lema "Roma não paga a traidores"...

Como eu acho que Domingos já mostrou ser um treinador inteligente e pragmático (muito mais pragmático do que Jesus por exemplo), não acredito que ontem tenha perdido a "presença de espírito". E não vamos comparar jogos a eliminar na pré-temporada ou jogos em que o Braga tinha de assumir as despesas do jogo com um jogo disputado nas circunstâncias do de ontem.

Lamento, cada vez acredito menos na treta do profissionalismo. Cada um trata da sua "vidinha", é isto que a experiência ensina...

Pascoal Sousa disse...

Caro Rui: o jogo de Belém teve características completamente diferentes, no caso o Braga, como disse e bem, jogou com 10 e se houve um autocarro nesse jogo ele deu pelo nome de Eduardo, que fez um conjunto de intervenções verdadeiramente fabulosas. Compreendo a parte emocional da questão, ao contrário do que diz a Cidchen, e com todo o respeito, uma goleada nesta altura, e da forma como aconteceu, não pode ser acolhida com indiferença. Dizer que se está a um ponto da liderança é ser realista e ao mesmo tempo é querer virar uma página à pressa. Algo me diz que se esta derrota não for bem digerida internamente, as previsões do amigo Rui farão todo o sentido. Abraços a todos

Pedro Ribeiro disse...

Caro Bigsousa,

o Braga deveria ter tido uma missão fundamental: garantir a inviolabilidade das suas redes nos primeiros 20-25 minutos. E para isso, deveria ter jogado com as linhas mais recuadas, de forma a inviabilizar o contra-golpe adversário. Em Belém fizemo-lo, com dez jogadores. Poderíamos ontem tê-lo repetido com onze, pelo menos à entrada do jogo. Também penso que não foi uma boa ideia colocar Aguiar sobre a esquerda. Era preferível manter Paulo César nessa posição e lançar Matheus no eixo do ataque, apostando na sua velocidade no contra-ataque. Mas enfim, mais do que questões tácticas, penso que foi a abordagem estratégica que falhou por completo.

Após esse período crítico, estou seguro de que o ónus psicológico que pesava sobre o Porto se faria sentir. E não veríamos no seu futebol a tranquilidade que ontem vimos. E talvez fosse o nosso contra-golpe a beneficiar da intranquilidade que se pudesse apoderar da equipa portista.

Este Porto, não sendo uma equipa completamente equilibrada (como o jogo a meio da semana havia mostrado) está contudo muito melhor. Micael permitiu resolver o nó táctico que desde o início de época Jesualdo não conseguira desatar. É, para mim, neste momento a equipa mais forte da Liga - o Benfica parece-me em perda (tal como aconteceu connosco na época passada) e nós, desde os castigos, temos vencido mais em esforço do que mercê da qualidade futebolística. Resta saber se o atraso do Porto é ou não recuperável.

Francamente, vejo com alguma dificuldade mantermo-nos nesta luta até ao fim, depois deste desaire, tendo em atenção a desigualdade de armas em confronto. O aspecto psicológico é primordial para nós. Duvido que esta derrota não deixe sequelas na confiança dos nossos jogadores em si próprios e no seu técnico... e na confiança dos adversários na abordagem aos nossos jogos!

Anónimo disse...

MANIFESTAÇÃO pela verdade no futebol português - 23 de Fevereiro

Amanhã a partir das 18h vai decorrer uma manifestação na Sede da Liga de Clubes no Porto.


Todos os Portistas devem comparecer nesta acção de forma a mostrar a indignação pelas injusticas que o nosso Clube tem sido alvo.



Ajudem a divulgar

clipsdevidro disse...

Acho que o Braga vai dar uma boa resposta já este fim de semana. Enganam-se aqueles qua já nos fazem o funeral.

ZD disse...

O Braga é um grande candidato ao titulo, e não é um desaire "normal" que vai abalar o clube minhoto.