sexta-feira, 31 de julho de 2009

Suecos não são «mancos»



Assim de repente, e a menos de uma semana do jogo da segunda-mão da terceira pré-eliminatória da Liga Europa, não vejo como o Sp. Braga possa dar a volta ao resultado manifestamente negativo (1-2) obtido frente ao Elfsborg, ontem, no AXA. Há grande diferença de ritmo? Há, sim senhor, os suecos estão com um andamento superior aos arsenalistas, porque disputaram já 16 jogos no Campeonato e três nas competições europeias. Uma vez que o jogo não deu na televisão, convém esclarecer o seguinte: este Elfsborg não é uma equipa banal. Tem um conjunto de bons jogadores, mas aquele que me encheu as medidas foi o esquerdino Bajrami, internacional sub-21 sueco nascido no Kosovo. Que craque! Mas há mais: dois bons trincos (Danielsson, autor do primeiro golo e Svesson), um médio direito ( Ishizaki) que é um todo-terreno, um guarda-redes (Covic) muito seguro e com excelentes reflexos.

O Sp. Braga está numa fase em que ainda não assimilou completamente a filosofia táctica do seu novo treinador. Isso exige tempo e tempo é coisa que nunca há em Braga. Talvez o clube devesse reflectir sobre isso, sob pena de no futuro continuar a ver um Paços de Ferreira na final da Taça de Portugal ou um V. Setúbal a erguer a Taça da Liga...

6 comentários:

Anónimo disse...

Não serem mancos não é motivo para perderem para perderam.
O Braga tinha mais do que obrigação de ganhar. Não se pode colocar a fasquia tão baixa.
Cumprimentos
Ricardo

Pascoal Sousa disse...

Concordo, Ricardo. O que não se pode de forma alguma é retirar mérito ao Elfsborg. Eles ganharam porque foram melhores neste jogo. Abraço

Pedro Ribeiro disse...

Os suecos mostraram ser o que se esperava deles. Uma equipa organizada, fisicamente dotada, e com alguma experiência... que até trocava bem a bola quando não pressionada - o que aconteceu durante a maior parte do tempo de jogo. Mas são uma equipa que um bom Braga, mesmo nesta fase da época, teria obrigação de deixar pelo caminho. Não seria necessário um Braga nos limites para ultrapassar este obstáculo.

Acontece que o Braga não tem ainda uma equipa. É preciso tempo? Evidentemente. Mas Domingos sabia que o Braga teria dois jogos a doer já. E que o objectivo fase de grupos da Liga Europa, independentemente do que pensem os adeptos, é um dos mais importantes da época - por todas as razões e mais alguma, a começar pela vertente financeira.

Faz sentido alterar por completo o modelo de jogo da temporada passada, o sistema que estava rotinado (e que funcionava!) sabendo que uma alteração radical destes parâmetros exigiria um período mais ou menos prolongado de crescimento da equipa? Ou faria muito mais sentido partir do que já existia e paulatinamente introduzir algumas alterações mais de acordo com o seu cunho pessoal?

É uma pena mas, com grande pesar o digo, Domingos deve ter colocado em risco o seu futuro em Braga com a derrota de ontem. A menos que suceda um milagre na Suécia - volto a dizer, não pela extrema valia do adversário mas porque seria necessário um Braga completamente transfigurado - a precoce eliminação das competições europeias vai criar uma enorme pressão sobre treinador e equipa. Pessoalmente, não acredito que Domingos aguente a contestação que se gerará - nem acredito que Salvador tenha tolerância para aguentar esta eliminação. Em Braga, os últimos anos criaram uma forte habituação aos jogos europeus - nem mesmo nas épocas "más" o Braga deixou não só de estar presente na fase de grupos da UEFA como de a ultrapassar!

Lamento porque penso que nos espera uma época de grande instabilidade. Penso aliás, que esta (provável) eliminação precoce vai determinar a saída de mais gente importante do plantel, para ajudar à festa...

Pascoal Sousa disse...

Boa análise, Rui Pedro Ribeiro. Bem sustentada, também. Quando chegou a Braga, Jesus rompeu completamente com o passado, impôs o seu sistema, mas com uma diferença: arriscou num arranque forte sabendo que no último terço da época se arriscava a ter uma equipa de rastos, como aliás se veio a verificar. É um equilíbrio difícil, precário, mas pessoalmente prefiro equipas com curvas ascendentes, que cheguem ao último terço mais fortes. Se derem tempo a Domingos, isso pode ser possível. A ver vamos. Abraço

Pedro Ribeiro disse...

Quando chegou a Braga, Jesus rompeu completamente com o passado, impôs o seu sistema, mas com uma diferença: arriscou num arranque forte sabendo que no último terço da época se arriscava a ter uma equipa de rastos, como aliás se veio a verificar.

Há uma grande diferença entre a situação de Jesus aquando da sua entrada e a de Domingos. Jesus encontrou uma equipa em cacos que não tinha conseguido os seus objectivos na temporada anterior. Não sobrara nada que fosse possível aproveitar para, sobre isso, reconstruir a equipa. O que seria aparentemente um handicap, para Jesus, tornou-se uma vantagem: pôde escolher o seu modelo de jogo sem ser questionado ou pressionado até porque o termo de comparação - a época anterior - não era exigente.

A entrada de Domingos ocorre num cenário totalmente diferente. Tardiamente. Mas com uma equipa que, grosso modo, se mantinha - ainda que as saídas de Luís Aguiar e de Rentería não sejam coisa de somenos. Havia um modelo e um sistema de jogo rotinados - que funcionavam e que se materializavam num jogo atraente para o público. Para além disso, a fasquia era (é) bem mais exigente do que há uma época atrás, a começar pelas competições europeias. Jesus, na época transacta, ultrapassou duas pré-eliminatórias.

Faria pois todo o sentido para Domingos usar da máxima prudência. Não foi isso que fez. Elevou a fasquia e colocou-se a si próprio sob intensa pressão ao menorizar a época de Jorge Jesus. Mas sobretudo, optou por cortar com as soluções tácticas da temporada passada, assumindo a construção de uma equipa a partir do zero. Em minha opinião, um erro crasso que começaremos a pagar com a (provável) eliminação da Liga Europa. E a partir daqui poderemos entrar numa espiral negativa, com a pressão do público e da SAD (leia-se, Salvador) sobre Domingos e a sua equipa a subir de tom, e a intranquilidade a perturbar o normal crescimento da equipa.

Francamente, não consigo perspectivar esta época com optimismo. Não acredito que a Domingos seja dado o tempo e a tranquilidade necessários para que a equipa chegue a uma fase adiantada da tal "curva ascendente"...

Cidchen disse...

Eu estou completamente triste, já esperava um jogo difícil mas daí ao Sp. Braga perder... ia uma grande diferença.

Apesar de estarmos ainda no intervalo da eliminatória o resultado é algo desfavorecedor para os minhotos.

Resta-me pensar que esperança há sempre e que nada está impossível.