segunda-feira, 23 de março de 2009

Formação: o exemplo argelino



Pela primeira vez na sua história, a Argélia apurou uma selecção de sub-17 para o Mundial da categoria, que este ano se disputa na Nigéria. A dupla vitória dos jovens argelinos por 1-0 sobre os Camarões e a Guiné, na Taça das Nações Africanas sub-17, bastou para a Argélia mostrar-se ao Mundo e revelar um segredo bem guardado.

Com efeito, 95 por cento dessa selecção da Argélia é alimentada por uma Academia formada há cerca de ano e meio pela Federação do País. Objectivo: pôr em ordem a formação, que vivia num estado de absoluto abandono. Recrutados os jogadores em várias Ligas regionais, foi formado um núcleo de pequenos prodígios que passou a trabalhar junto com regularidade no mesmo espaço - na circunstância, o Liceu Deportivo de Draria. Um grupo que se foi abrindo à descoberta de outros talentos espalhados na Europa, sobretudo em França. A Academia, designada de AC FAF (Federation Algerienne de Football), foi inscrita no Campeonato júnior, defrontando jogadores três anos mais velhos.

Num ano apenas, a AC FAF somou 30 jogos e uma rotina competitiva que lhe permitiu crescer e chegar à CAN-sub-17 muito forte. A prova é organizada pela Argélia, daí a importância de a Selecção fazer boa figura. E, para já, os sub-17 argelinos estão alta, ao atingir a meia-final da competição e o apuramento directo para o Mundial. Um modelo interessante, e de sucesso, num palco... improvável.

2 comentários:

Alexandre Cardana disse...

muito interessante modelo. obviamente não iria funcionar em Portugal. os miúdos são mercenários desde pequenos e iriam querer jogar o mais rapidamente possível nos grandes.
em Portugal há ou houve um exemplo semelhante no basquetebol, a selecção sub23 chegou a jogar na segunda divisão nacional.

Pascoal Sousa disse...

É realmente um modelo de difícil execução não só em Portugal como no resto da Europa. Poderá eventualmente ser exequível sazonalmente, no Verão, por exemplo, mas aí levanta-se o problema da competição. Quanto ao espirito mercenário dos jovens jogadores... é uma questão de mentalidade. Felizmente, nem todos pensam assim e os que pensam podem não chegar longe. Abraço