quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O psicólogo

"Los azulgrana suman los mismos puntos que los blancos pero el mejor 'goal-average' general (+11 a +9) les permitió desbancar al equipo de Bernd Schuster, que tendrá un durísimo compromiso en la próxima jornada en el Vicente Calderón ante un Atlético quemado tras caer consecutivamente contra Sevilla (0-1) y Barça (6-1)."
No El Mundo Deportivo, 6-10-2008

"Even ManU and Assnal who are just few points behind us have better goal average than us, and if Villa wins tonight they gonna be just 3 points behind with better goal average.. So we need to get the killer instinct in our team and start taking all our chances and score more than 3 goals per game to be on the same side."
Um adepto do Chelsea, num Forum da Internet, 07-02-2007

Toda a gente sabe que não é preciso o galo cantar para o sol nascer. Quando o sol nasce, nasce para todos, iluminados e pobres de espírito. Da mesma maneira, quando um tema polémico invade o futebol, todos se julgam autorizados em opinar sobre ele. Por norma, só ouço e vejo fóruns de discussão na rádio e televisão quando o tema é tratado por quem sabe da poda. Não sou apologista da desinformação. Esta manhã, na SIC, assisti horrorizado ao que as mentes brilhantes das «tvs» designam de "voz do telespectador".

Há que os ouvir, para perceber. Mas perceber o quê? Que o futebol português é um escape para as frustrações de um povo cada vez mais mesquinho e tacanho? «Mafiosos», «Ladrões», «Bananas», «Porcaria», foram os termos mais simpáticos que ouvi sobre o futebol, antes de (tardiamente) o moderador fazer apelo ao bom-senso e à contenção verbal. Tudo por causa de um estrangeirismo que todos sabiam, de ANTEMÃO, o que significava.

O adepto português inflama-se ao mínimo sinal de fumo. Gosta mais de gritar que foi penálti que cantar a música do golo. Treme de prazer quando insulta o árbitro. Experimenta uma sensação de gozo extremo quando o adversário cai e se magoa seriamente. E se o avançado da equipa que apoia marcar um golo com a mão, tem o ano ganho. O mais triste nisto tudo, é que a maior parte não paga nem tem intenção de pagar um bilhete para ver futebol. Mas irá sempre regatear o direito de falar sobre ele da pior forma possível. O futebol, em Portugal, é um psicólogo mal pago e incompreendido.

3 comentários:

dragao vila pouca disse...

Meu caro amigo, você tem toda a razão e este texto vem na mesma linha de um artigo do seu director na A Bola de sábado. Agora o que eu gostava de ver, era os jornalistas a fazerem mea-culpa e a assumirem a sua cota de responsabilidades neste clima de guerrilha que se instalou. E isso eu não vejo. Há alguns jornalistas que são autênticos pirómanos, incendiários e que fazem perder a cabeça a um Santo.
Eu tenho artigos guardados de vários jornais e de vários jornalistas...que são de arrepiar.
E como sabe a um jornalista pede-se rigor e principalmente, isenção.

Um exemplo: A Bola de Quinta-feira 5 de abril de 2007. Última página:-Vieira suspenso por 40 dias.
Sub-título: presidente castigado por CRÍTICAS a Carlos Xistra, mas vai haver recurso.

No interior lá vinham as razões do castigo:« um hino à estupidez»,« é preciso limpar o futebol de vigaristas e malfeitores que utilizam a fruta e o apito para subverterem a verdade». Pergunto: isto são críticas ou são ofensas gravíssimas? Pois é meu caro, bem prega Frei Tomás...

Um abraço

Pascoal Sousa disse...

Tem razão, Dragão VP. Todos têm culpa no actual clima que se instalou. Os jornalistas não podem tirar a água do capote. Mas esteja sol ou chuva, a coisa vai dar ao mesmo na perspectiva de quem vê no futebol a raiz de todo o mal. O facto é que o adepto português não retira do jogo das quatro linhas o devido prazer. Por isso é que os nossos estádios estão sempre tão frios e vazios de público e de emoção. Abraço

Anónimo disse...

Neste momento creio que o que o futebol português precisa é de novos dirigentes.

Já houve uma mudança na mentalidade dos jogadores, e até mesmo dos treinadores, muitos deles já perceberam que o ferrolho já não resulta e que se jogarem para ganhar têm mais hipóteses de o conseguir do que jogar para o pontito.

Falta a renovação dos dirigentes, que não se actualizaram, que não percebem que o clima permanente de suspensão e guerrilha apenas consegue "matar" o futebol.

Com novos dirigente, novos métodos de dirigismo até mesmo a arbitragem poderia melhorar, agora,esta estrutura na arbitragem já se viu que não resulta e só promove a mediocridade.

Com dirigentes(em todas as áreas) que saibam promover o espectáculo, com novos métodos de trabalho adequados à realidade do futebol de hoje, creio que até os jornais seriam levados a mudar. Agora, actualmente, com os dirigentes que adoram andar nas capas dos jornais, seja por bons ou maus motivos, claro que se põem a jeito para um jornalismo mais baseado em sensacionalismo do que em isenção. Mas até aí, culpo mais os editores dos jornais, que têm que cumprir objectivos económicos, do que os próprios jornalistas que têm que fazer o que lhes pedem com risco de não progredirem na carreira.

Concluindo, com melhores dirigentes que não promovessem a polémica, os próprios jornalistas seriam obrigados a mudar de estratégias. Mesmo assim, não estamos tão mal como Espanha, por exemplo. Uma consulta ocasional à Marca ou ao Sport, mostra claramente isso.

Abraço

agent_smith