quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Ler faz bem...



"Vítor Baía admitiu que a intenção no Olival é formar jovens jogadores à Porto. Para isso utiliza-se a comunicação social e o que o clube considera ser uma diferença de tratamento, colando recortes dos jornais nas paredes dos balneários. «Enquanto jogador notava muito a diferença de tratamento, mas espero que não mude»."
Fonte: Maisfutebol

PS: Recortes de jornais? Muito didáctico. No meu tempo, a formação de um jogador andava de mãos dadas com a formação do indivíduo. Suponho que em breve teremos grandes talentos a sair do Olival para as redacções. Baía falou no âmbito do debate organizado pelo Clube dos Pensadores e no qual sublinhou alguns defeitos daquela que é por muitos considerada a melhor escola de formação da actualidade, a do Sporting. O que será que o treinador holandês dos juniores pendura nas paredes do balneário? A secção desportiva do De Telegraaf? Ou a última notícia de O Jogo que o colocava com pé e meio no Vizela?

5 comentários:

dragao vila pouca disse...

Meu caro, não se faça de despercebido...você sabe bem o que o Baía quis dizer.
Um abraço

Pascoal Sousa disse...

Não me fiz de despercebido, meu amigo. Há quase 15 anos que vejo esse filme. O post tem um razão de ser: é minha convicção de que um jogador à Porto, Benfica, Sporting ou de outro clube qualquer se constrói pela exaltação de valores como a história do clube, a força e significado do seu emblema, as conquistas do passado e do presente, a força iconográfica de grande jogadores (onde Baía se inclui) que com sacrifício e paixão escreveram páginas importantes na história do clube. Vale mais, por exemplo, uma visita bem demorada ao museu do clube ou à galeria das Taças, do que recortes de jornais que só servem para efeitos de lobotomia. Isso aplica-se tanto num grande clube como no Lusitano de Santa Crus do Bispo, onde tive o prazer de jogar nos juvenis e juniores. E, olhe, ainda hoje me lembro quem era o guarda-redes sénior daquela altura, quem era o ponta-de-lança, que papel teve o director de formação na história de um clube modesto mas honrado. São valores que ficam para sempre e que nos guiam também na vida fora do futebol.

PS: Já agora, caro Dragão Vila Pouca, fazia-lhe um desafio: por manifesta falta de tempo não pude ir ao arquivo de jornais dos anos 70 e 60 para verificar a veracidade de uma afirmação de um colega de trabalho: segundo ele, a figura do dragão como parte da linguagem da Comunicação Social só começou a surgir por volta dos anos 80. Curiosamente, há tempos, tive durante alguns minutos na mão uma crónica de um jogo antigo do FCP contra uma equipa estrangeira (inglesa, acho, mas não lembro qual)em que o jornalista nem uma única vez se refere ao FC Poto como os dragões. Daí a dúvida.

Abraço

José Lemos disse...

Caro Pascoal, excelente comentário. Merecedor até de página principal do blog!

Obviamente que concordo, e pelo que me parece nos escalões de formação do Porto, anda a fazer-se tudo ao contrário.
Em vez de motivar os miúdos pela história do clube e por aquilo que representa, tentam criar-lhe um espírito "anti-sistema", anti tudo o que mexe fora do Porto...Completamente errado!

Até porque não são esses os valores do desporto.
O Porto continua a cometer o erro de fechar-se, de proclamar o espírito "um contra todos", ao invés de se expandir!

Sempre gostei de ouvir Baía, mas as declarações de ontem foram quase na totalidade, infelizes..


Quanto a essa estória do Dragão, também ja tinha ouvido algo sobre isso.

Cumprimentos, Futebol Total.

dragao vila pouca disse...

É óbvio que os Dragões só nasceram com Pinto da Costa a Presidente e pegaram de estaca. Foi uma forma do F.C.Porto ter também, um "animal" como referência, para "combater" a águia e o leão.

Um clube ganhador, de sucesso, com alma, raça e mística, é construido de muitas coisas.
Assim, o que você diz faz sentido e é verdade, mas utilizar a descriminação da C.Social - maioritariamente anti-portista. Só não vê quem não quer e eu vejo com muita atenção - para unir, estimular, moldar carácteres e formar jogadores, para mim faz todo o sentido. Aliás, basta andar pela blogosfera portista, para ver que também aí, os títulos e as notícias dos jornais - a que já chamei de lixo tóxico - servem para o mesmo.
A cultura do F.C.Porto faz-se assim e não nos incomoda nada o juízo de valor que possam fazer de nós, muito menos juízos de valor, de muitos que fazem tudo para nos atacar, diminuir, menorizar, alguns que falam de ética, mas não têm nem moral, nem autoridade nenhuma, para o fazer.
O Baía conhece-os bem e nós também.
É com este filme que o F.C.Porto ganhou tudo que havia para ganhar e nunca teve do país centralista e invejoso, a homenagem que justificava e merecia.
Essa do F.C.Porto fechado no seu círculo, que não cresce e por isso não vende, é uma falácia para enganar tolos e justificar um jornalismo, sectário, faccioso e vermelho rubro, para não dizer encardido.
Não nos compare com o Benfica e o Sporting...nós somos diferentes!
Ah, e para terminar: se o Baía fosse do Benfica o seu jornal tinha destruído o Scolari, mas como o Baía era jogador do F.C.Porto...tirando uma ou duas vozes - são sempre os mesmos - todos apoiaram e incentivaram o sargentão a colocar de lado aquele que era o melhor guarda-redes da Europa.
Isto meu caro, dá pano para muitas mangas e eu tenho um grande manancial de pano.
Um abraço

Pascoal Sousa disse...

Obrigado pelo esclarecimento, caro amigo dragão.Faz sentido ser Pinto da Costa o impulsionador da ideia -tb foi por sua iniciativa que o actual estádio se chama assim, do Dragão. Relativamente ao resto, respeito como sempre o fiz a sua visão das coisas, sabendo que numas coisas tem razão, noutras tem emoção :P _Abraço